“Quantas coisas ignoramos que somos, apenas porque o embrião disso se nos não desenvolveu até ser visível”1.
Esta frase, de Vergílio Ferreira, dá que Pensar sobre o papel do Professor.
O Professor, aquele que contribui para que a criança, adolescente, jovem, ou adulto, aprenda a SER uma pessoa autónoma, independente e livre e, consequentemente, aprenda a viver de forma integral e íntegra, responsável e firme e tudo o mais que essa criança tenha dentro de si para crescer e ir mais alto, até se transcender a si mesma e, encontrar, ela mesma, o seu caminho para a Felicidade.
Ler
Escrever
Pensar e Reflectir
Perguntar e Questionar
Observar e Contemplar
Compreender e Analisar
Discutir e Argumentar
Criar, Fazer e Construir
Escolher e Decidir.
Estes são, apenas, alguns dos verbos que os meus queridos Professores me ajudaram a explorar e a aprofundar.
É possível que alguns destes verbos habitassem, em mim, em potência.
De nada me serviriam se não houvesse uma pessoa que me conduzisse e elevasse para a sua concretização. E essa pessoa foram muitos Professores que em mim ficaram a morar de forma perene.
Educadores, Professores que sabiam que, em mim, havia um diamante em bruto, mas que jamais brilharia se eles não o esculpissem e lapidassem.
Como escreveu o Professor Jorge Bento, “na criança mora a promessa imensa e infinda”2. Este ‘poder ser’, esta potência imanente em cada uma das nossas crianças ficará reduzida a um ‘podia ter sido’ se não tiver Alguém, um Professor que guie, que oriente, que eduque, que ensine.
Educar é, como dizia Manuel Ferreira Patrício3, dar o Homem ao homem.
Educar é a missão do Professor, a de auxiliar à mudança de uma pessoa em potência. A missão de educar é a de elevar, é a de levar uma (potencial) pessoa a “adquirir novos modos para ser, para ser mais e melhor, para crescer como pessoa em direcção ao mais alto”4, ao infinito das possibilidades.
Mas sem um Professor, a possibilidade ficará no “e se”, no “podia ter sido”, jamais no Ser, Poder, Estar e, por isso, VIVER.
A minha Escola foi a Pública. Primeiro, com a Professora Carolina, na escola n.25, dos Olivais Sul, e a Professora Teresa, na Escola da Ponte, na rua de Tânger; depois, a Escola Preparatória Fernando Pessoa, a Secundária dos Viveiros, ambas nos Olivais Sul. Entretanto, a Escola Secundária Garcia de Orta (pelo meio a C+S de Moreira da Maia) e, finalmente, Escola a Secundária Rodrigues de Freitas, a última, antes de entrar na Universidade do Porto.
Foi na Escola Pública, com Professores de excelência, que aprendi a:
Pensar e Reflectir
Perguntar e Questionar
Observar e Contemplar
Compreender e Analisar
Discutir e Argumentar
Criar, Fazer e Construir
Escolher e Decidir
E a SER e a querer aprender e a ser mais e mais.
Razões, mais do que válidas, para sair em Defesa da ESCOLA PÚBLICA – aquela que garante a educação universal, ou seja, a educação de Todos, em todas as coisas, totalmente: o ideal da Pampaedia, de Comenius.
Motivos que chegam e sobram para me juntar à luta dos Professores da Escola Pública e ir à Manifestação do dia 14 de Janeiro, de 2023.
Notas:
- “Pensar” (p. 177, 1997). 5ª Ed, Bertrand Editora.
- “Contextos e Perspectivas”, In Contextos da Pedagogia do Desporto (p. 25, 1999). Livros Horizonte.
- In “A Pedagogia de Leonardo de Coimbra” (1983) – citado a partir de Jorge Bento, na obra referida.
- J. Bento (p. 25, 1999), In obra citada.