Marcha pela Educação – 14 de Janeiro, de 2023

Quantas coisas ignoramos que somos, apenas porque o embrião disso se nos não desenvolveu até ser visível1.

Esta frase, de Vergílio Ferreira, dá que Pensar sobre o papel do Professor.

O Professor, aquele que contribui para que a criança, adolescente, jovem, ou adulto, aprenda a SER uma pessoa autónoma, independente e livre e, consequentemente, aprenda a viver de forma integral e íntegra, responsável e firme e tudo o mais que essa criança tenha dentro de si para crescer e ir mais alto, até se transcender a si mesma e, encontrar, ela mesma, o seu caminho para a Felicidade.

Ler

Escrever

Pensar e Reflectir

Perguntar e Questionar

Observar e Contemplar

Compreender e Analisar

Discutir e Argumentar

Criar, Fazer e Construir

Escolher e Decidir.

Estes são, apenas, alguns dos verbos que os meus queridos Professores me ajudaram a explorar e a aprofundar.

É possível que alguns destes verbos habitassem, em mim, em potência.

De nada me serviriam se não houvesse uma pessoa que me conduzisse e elevasse para a sua concretização. E essa pessoa foram muitos Professores que em mim ficaram a morar de forma perene.

Educadores, Professores que sabiam que, em mim, havia um diamante em bruto, mas que jamais brilharia se eles não o esculpissem e lapidassem.

Como escreveu o Professor Jorge Bento, “na criança mora a promessa imensa e infinda2. Este ‘poder ser’, esta potência imanente em cada uma das nossas crianças ficará reduzida a um ‘podia ter sido’ se não tiver Alguém, um Professor que guie, que oriente, que eduque, que ensine.

Educar é, como dizia Manuel Ferreira Patrício3, dar o Homem ao homem.

Educar é a missão do Professor, a de auxiliar à mudança de uma pessoa em potência. A missão de educar é a de elevar, é a de levar uma (potencial) pessoa a “adquirir novos modos para ser, para ser mais e melhor, para crescer como pessoa em direcção ao mais alto4, ao infinito das possibilidades.

Mas sem um Professor, a possibilidade ficará no “e se”, no “podia ter sido”, jamais no Ser, Poder, Estar e, por isso, VIVER.

A minha Escola foi a Pública. Primeiro, com a Professora Carolina, na escola n.25, dos Olivais Sul, e a Professora Teresa, na Escola da Ponte, na rua de Tânger; depois, a Escola Preparatória Fernando Pessoa, a Secundária dos Viveiros, ambas nos Olivais Sul. Entretanto, a Escola Secundária Garcia de Orta (pelo meio a C+S de Moreira da Maia) e, finalmente, Escola a Secundária Rodrigues de Freitas, a última, antes de entrar na Universidade do Porto.  

Foi na Escola Pública, com Professores de excelência, que aprendi a:

Pensar e Reflectir

Perguntar e Questionar

Observar e Contemplar

Compreender e Analisar

Discutir e Argumentar

Criar, Fazer e Construir

Escolher e Decidir

E a SER e a querer aprender e a ser mais e mais.

Razões, mais do que válidas, para sair em Defesa da ESCOLA PÚBLICA – aquela que garante a educação universal, ou seja, a educação de Todos, em todas as coisas, totalmente: o ideal da Pampaedia, de Comenius.

Motivos que chegam e sobram para me juntar à luta dos Professores da Escola Pública e ir à Manifestação do dia 14 de Janeiro, de 2023.

Notas:

  1. Pensar” (p. 177, 1997). 5ª Ed, Bertrand Editora.
  2. Contextos e Perspectivas”, In Contextos da Pedagogia do Desporto (p. 25, 1999). Livros Horizonte.
  3. In “A Pedagogia de Leonardo de Coimbra” (1983) – citado a partir de Jorge Bento, na obra referida.
  4. J. Bento (p. 25, 1999), In obra citada.

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